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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Missionárias no Sertão



Missionárias no Sertão



E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito. E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo. (João 4:39,42)

A mulher, entre os judeus, era não mais que um objeto pertencente ao marido, como seus servidores, suas edificações e demais posses legais. Ela devia ao esposo total lealdade, mas, por princípio, era considerada como naturalmente infiel, desvirtuada e falsa. Por esta razão, sua palavra diante de um juiz não tinha praticamente valor algum.

No interior da sociedade judaica, ela ocupava uma posição bem inferior à do homem. Até na esfera espiritual a mulher era considerada desigual, e para ela estava reservado um local à parte no templo, assim como era obrigada a caminhar, na rua, distante dos homens. Também nos momentos das refeições a mulher era isolada, pois ela não podia se alimentar ao lado dos homens. Assim, ela permanecia em pé, pronta para ajudar o marido a qualquer instante.

Normalmente as mulheres viviam reclusas em suas residências e as janelas, quase sempre, eram construídas com grades para que elas não pudessem ter seus rostos vislumbrados pelos passantes nas ruas. Se um homem tentasse se dirigir a uma mulher, cometia um pecado muito sério.

Por esta breve visão já é possível perceber o quanto Jesus, em sua época, revolucionou o tratamento oferecido pelos homens às mulheres. Um dos episódios mais chocantes do Evangelho é justamente aquele no qual Ele se dirige à mulher samaritana. Este povo era aguerrido adversário dos hebreus, desde a cisão entre as tribos de Israel.

Assim, ao se revelar claramente como o Messias para alguém desta comunidade, especialmente a uma mulher, Ele deixou tanto samaritanos quanto judeus perplexos. Mostrando assim que Deus deseja usar a todos na Grande Comissão, pois foi assim com aquela mulher samaritana.

Muitos creram por causa do testemunho daquela mulher que se dispôs a enfrentar toda uma sociedade desfavorável a ela, enfrentar a desconfiança e incredulidade nas suas palavras pelo fato de ser uma mulher falando em público e que já tivera cinco maridos! ¹

Seu passado a condenava, seu gênero a renegava, mas Deus a usou para conquistar uma cidade. O que dizer então das missionárias, das pastoras, que atuam em nossos dias protagonizando o testemunho de Cristo em uma sociedade tão machista quanto a da época de Jesus?

As missionárias do Sertão são mulheres destemidas que enfrentam sua fragilidade e preconceitos mas que realizam grandes obras no Reino de Deus.

Nos relatos de nossas missionárias temos uma ideia de como é árduo o campo para estas guerreiras:

“Saber lidar de forma ética e espiritual com as questões de aconselhamento familiar, porque não são poucos os lares necessitados de restauração; evitar andar sozinha de moto ou carro com os irmãos (pastores e pastoras são muito observados); vestir-se adequadamente; demonstrar segurança mesmo em meio às dificuldades são apenas alguns dos obstáculos a serem enfrentados. E isso só se consegue sob a direção do Espírito Santo.

Muitos preferem frequentar uma igreja onde há um casal de pastores. É difícil pastorear sendo solteira. Leva um tempo para eles entenderem que Deus capacita os solteiros.

É necessário administrar o tempo com sabedoria, ser disciplinada com os horários para cuidar da família, trabalho, eventuais contratempos e, acima de tudo, dependência do Espírito Santo! Pois são um povo que tem o seu próprio tempo, que espera a chuva pra poder plantar e tem esperança na providência divina, mesmo em meio a idolatria.” (Prª Janieire)

“Existem grandes desafios a serem vencidos. O primeiro está no fato de abrir mão de grandes e melhores oportunidades de sucesso em carreira profissional. Em uma cidade grande e desenvolvida estas chances são mais promissoras. A visão do sertanejo também é diferente, são fatalistas e por isso acostumam-se com a mesmice do dia-a-dia.  A renda da população e baixa e há poucas oportunidades de crescimento profissional e financeiro. Geralmente os homens do sertão não recebem bem uma mulher como sendo sua líder. Ainda existe muito o conceito de que e o homem quem manda e que homem que houve mulher e “barriga branca”. (Prª Elineth)

O nosso desafio é a plantação de igrejas e evangelização contextualizada no sertão do nordeste.

Este é um povo de uma história só: crenças, superstições, sofrimento, costumes, fé. Trata-se de uma realidade triste, amarga, carregada de violência, perfil cultural não ético, exploração do ser humano, cidadãos Brasileiros de segunda categoria, e religião sincrética, legalista e uma visão de Deus profundamente anti-bíblica.

No sertão nordestino está a maioria (71%) das cidades menos evangelizadas do Brasil e nas 30 cidades mais carentes encontramos no máximo 2,5% de evangélicos, sendo a variação de 0,3 a 2,5%.

O isolamento destes missionários também nos chama atenção. Está informado sobre as novidades ou participar de eventos que a igreja promove na capital não é uma tarefa fácil. Visitar familiares fica ainda mais difícil.

Sinto falta de não poder participar ativamente dos eventos como antes dos eventos” (Prª Janieire)

A maior dificuldade está em ficar longe de nossos familiares. As pessoas do sertão exigem muito a presença e visita dos pastores em suas casas, diferente de uma igreja de cidade grande. Portanto é difícil ter tempo para visitar os familiares.” (Prª Elineth)

Isto se dá devido a própria cultura sertaneja, enquanto nas cidades globalizadas reina o individualismo, no sertão impera a coletividade e o conceito de privacidade já não existe.

“Em relação a sermos ministradas, nos sentimos carentes. Pois é muito difícil participar de eventos na capital. Primeiro pela distância e também pelo gasto depreendido em cada viagem. A arrecadação das igrejas sertanejas é pequena.” (Prª Elineth)

Quando os missionários possuem filhos, outro fator aparece:

“A escola é bem precária. Pouca oferta de cursos e quando tem algum de qualidade eles são caros”.

“Sentimos falta das muitas opções de lazer que a capital oferece. No sertão uma boa opção de lazer e uma raridade. O custo de vida é alto”. (Prª Elineth)

O Sertão carrega um legalismo religioso profundo, a própria cultura determina o que deve ser considerado pecado.

“Também há um certo preconceito em relação a vestimentas. Para grande parte das mulheres do sertão e até dos homens, existe o tabu de que uma pastora não deve se produzir muito, ou nada! “Quanto menos produzida mais crente e santa é a pastora. É mais valorizado quem grita em suas pregações” (Prª Elineth)

Outra dificuldade é a perseguição de outros seguimentos evangélicos. Isto tem atrapalhado significativamente a evangelização do sertão.

Mesmo com tatas adversidades, estas mulheres continuam firmes em seu chamado, fazendo a diferença no semiárido brasileiro.

Quando dizemos "sim" ao nosso chamado ministerial, Deus confirma dia após dia que Ele está no comando e no controle de tudo!” (PrªJanieire)




Motivos de Oração:

ü  Sabedoria e discernimento nas questões culturais e na criação dos filhos

ü  Consolo e abrigo do Espírito Santo nas horas difíceis

ü  Provisão financeira

ü  Igrejas fortes e saudáveis

ü  Saúde física, emocional, espiritual

ü  Unidade do corpo de Cristo

ü  Despertar da igreja para abraçar em oração e ações os obreiros do sertão.

ü  Sabedoria para edificarem também suas casas.






Fonte¹: http://www.infoescola.com/sociedade/a-mulher-em-israel-na-epoca-de-jesus/

- Oficinas Escola Quatro Cântaros

- Relato das missionárias do Sertão:

A Mulher Sertaneja


A Mulher Sertaneja

Ao lado do sertanejo, quase invisível, tem uma mulher que também “conhece os horrores da seca e os combates cruentos com a terra árida e exsicada”. Assim como o homem, a mulher sertaneja conhece “as cenas periódicas da devastação e da miséria” e não se apavora com o “quadro assombrador da absoluta pobreza do solo calcinado, exaurido pela adustão dos sóis bravios do Equador”. 

A família sertaneja tem a figura de um pai muito ausente, que somente coloca comida dentro de casa. Quase não existe aproximação nem um relacionamento saudável com os filhos, e geralmente vai trair sua esposa, quando não acontece de abandoná-la. Não são poucos os casos de mulheres cujos maridos se foram entre os retirantes da seca em busca de trabalho em outras regiões do país e nunca mais voltaram para casa.

Sabendo que a mãe de cada sertanejo é considerada uma santa por seu papel social de educadora, de proteção e em especial aquela que foi abandonada pelo marido, mas que lutou de forma aguerrida para criar seus filhos. A mãe sertaneja é a única expressão de amor em uma sociedade sangrenta e cheia de ódio, por isso essa devoção familiar é transferida para a esfera religiosa no culto a “Nossa Senhora”. A sociedade sertaneja é matriarcal.

ü  O Preconceito:

No geral a mulher é tida como sexo frágil, delicada e meiga. Mas quando o assunto é mulher sertaneja, ela é estigmatizada com adjetivos opostos. A mulher do sertão é quase sempre apresentada como uma mulher masculinizada (mulher macho, sim, senhor) capaz de assumir qualquer tipo de trabalho por mais duro que seja.

Outras tantas imagens são veiculadas no sentido de desqualifica-las e estigmatizá-las. Adjetivos como: matuta, caipira, tabaroa, agreste, beata, cafona e outras tantas “qualidades” vinculadas a ideia de incivilização que lhes são impostas.

Sempre são vistas como mulheres pobres, de pele enrugada e vida sofrida, sempre fora dos padrões de moda e beleza. Casos de sucesso (mulheres bem sucedidas) e de beleza nunca são mostradas em reportagens nem muito menos na literatura. Sua participação na história é sempre esquecida.

Há uma diferença das mulheres da capital e das mulheres do sertão. São contextos diferentes. Uma mulher do sertão sofre preconceito de mulheres da capital. Mas se ambos forem para o Sul/Sudeste do país o preconceito para ambas é igual.



ü  Prostituição e Adultério

Lamentavelmente isto é uma área muito triste. Por falta de oportunidades e por falta de educação e escolaridade muitos dos jovens se prostituem na adolescência. Os rapazes são estimulados pelos homens para provar que são machos de verdade. As meninas por falta de consideração procuram receber esta atenção e carinho.

O adultério é algo comum e tolerado enquanto o homem não deixa de sustentar a sua família.

Qualquer outra perversidade se encontra também, portanto é tabu. Ninguém fala sobre abusos de próprias familiares. Mas sabemos que isto acontece muito.

ü  As dificuldades Sociais

Vítimas de analfabetismo, violência doméstica que predomina em uma sociedade machista, vítimas da seca - percorrem longas distâncias em busca de água, precariedade no atendimento de saúde. Dificuldade de emprego e renda. Condições de moradia precária.

ü  Sinais de mudança

Engana-se quem pensa que o sertão nordestino permanece à margem das grandes mudanças que têm acontecido nos últimos anos. A antena parabólica é, sem sombra de dúvida, o novo símbolo do sertão nordestino. Com a parabólica, instaurou-se um processo de secularização sem precedentes na história dos sertanejos. A modernização, os apelos de consumo, os novos modos de relacionamentos e a confusão entre o virtual e o real têm produzido uma mentalidade destituída de valores e de raízes. O sertão das parabólicas sofre o impacto da internacionalização dos costumes e dos modos modernos de pecar. O sertanejo tornou-se mais secularizado, mesmo fundamentalista e menos idólatra. Mais vulnerável à prostituição, ás drogas e ao alcoolismo. (Aurivan Matinho)

O sertão contemporâneo é o sertão do celular, das parabólicas, das motos em vez do jegue, da era virtual.

Motivos de Oração:



a)       Inserção no mercado de Trabalho.

b)      Valorização da mulher sertaneja como digna de atributos femininos, vencendo o preconceito.

c)       Muitas destas mulheres precisam de auto estima e precisam se redescobrirem no Reino.

d)      Precisam saber o quanto são amadas por Deus.

e)      Sabedoria na condução da família.

f)        Acesso aos serviços básicos de saúde e educação.

g)       Libertação das agressões, drogas e álcool.

h)      Que o secularismo não seja a influência para separar as famílias do sertão.

i)        Cura na alma e física dos abusos e violência sofrida.

j)        Libertação da cegueira espiritual.

k)       Que a igreja enxergue estas mulheres como Deus as vê. E não sejam mais esquecidas.

l)        Por água nas regiões de seca e moradia digna.

m)    Pelo fim dos abusos sexuais e pedofilia

Fontes:

http://www.tanianavarroswain.com.br/labrys/labrys11/libre/zuleide.htm

http://pt.slideshare.net/BPJCA/ser-mulher-no-serto-os-diversos-esteriotipos-e-preconceitos-que-estigmatizam-a-mulher-sertaneja

Livors: O Grito do Sertão Nordestino (Missão Juvep) e Missionários para o Sertão Nordestino (Ildemar Nunes de Medeiros)