Pesquisar este blog

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

O Espírito Santo e Missões


Lc.4: 14-19


14Então, Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galiléia, e a sua fama correu por toda a circunvizinhança. 15E ensinava nas sinagogas, sendo glorificado por todos. 16Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. 17Então, lhe deram o livro do profeta Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos. e proclamar o ano da graça¹ do Senhor” (o ano aceitável do Senhor).

¹ Dektos: aceito, aceitável - derivado de Dechomai: receber ou conceder acesso a um visitante, não recusar relação ou amizade, receber favoravelmente, tornar próprio de alguém (ele nos comprou), aprovar, não rejeitar, tomar sobre si mesmo, sustentar, carregar, suportar (graça).
O ano aceitável era o ano do Jubileu em Israel. O ano em que todos os escravos eram libertos e as dívidas eram canceladas. Esta é a obra de Jesus na vida dos que creem.

1.       Três marcas de uma igreja saudável

Jesus, nosso modelo, nos mostra as três marcas de uma igreja saudável, seja a nível individual ou coletivo:
1-      Adoração: Ele era glorificado por todos (vs.15)
2-      Comunhão: Ele foi a sinagoga, congregar, como era seu costume (vs.16)
3-      Proclamação: Ele anuncia o ano da graça (vs.19).
Note que o texto começa dizendo: Então, Jesus, no poder do Espírito.
Quem promove a saudabilidade da igreja é o Espírito Santo. Somente Ele pode gerar na igreja estas três marcas. É Ele que nos conduz em uma adoração aceitável a Deus, é Ele que promove a comunhão e unidade dos crentes e é Ele quem nos leva a proclamar o Evangelho.
Nos deteremos agora na marca proclamação.
Jesus, assim como a igreja, é enviado pelo Espírito. Jesus inaugura a era do Espírito Santo, e esse texto lido por Jesus, do profeta Isaías, acaba sendo o texto inaugural para toda a sua missão. Esse texto serve de definição da missão integral e da Grande Comissão. Esses versículos escolhidos por Jesus definem a missão da igreja: evangelização, discipulado, compaixão, libertação e justiça social.
Em Lucas 24, Jesus repete o ensinamento:
Lc.24:44-49
44A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. 45Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; 46e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia 47e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. 48Vós sois testemunhas destas coisas. 49Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.
Novamente vemos inter-relacionados a missão e o Espírito Santo.

2.       O que é missões?

É tudo o que a igreja realiza, no poder do Espírito Santo, para cumprir a Missão de Deus.
A Missão de Deus é resultado do próprio caráter de Deus. Em essência Deus é um Deus missionário. A Missão de Deus é reconciliar o mundo consigo mesmo. É o movimento de Deus em relação ao mundo. É Deus tomando a atitude para a salvação do Homem. “Não é a igreja que tem uma missão na terra, é o Deus da Missão que tem uma igreja na terra.”
A Missão de Deus é o que institui as missiones ecclesiae (missões da igreja).
Missões na igreja inclui: evangelismo, consolidação, discipulado (treinamento), envio, oferta missionária, intercessão missionária e plantio de igrejas.

3.       O Espírito Santo e Missões

Não há missões sem milagre!
A disposição gerada no coração da Igreja de investir, enviar, interceder, ou ainda envolver-se de alguma forma com a obra missionária mundial. E a vontade dos que são enviados, desejando desgastarem-se, esforçarem-se; a ação do Espírito transformando o ordinário em especial, para alcançarmos o mundo todo para Cristo – desejo de Deus. É um milagre!
Dependemos do Espírito para converter o coração, juntar o povo, levá-lo a adorar a Cristo e inflamá-lo a pregar o evangelho. E o vento sopra onde quer.
Duas perguntas poderiam surgir perante este quadro: Qual a relação entre a expansão do evangelho e a pessoa do Espírito Santo? E quais os critérios para uma Igreja, cheia do Espírito, envolver-se com a expansão do evangelho do Reino?
Em uma macro-visão percebemos que esta relação poderia ser observada em três áreas distintas, porém, inter-relacionadas. Primeiramente através da essência da pessoa do Espírito e Sua função na Igreja de Cristo. Em segundo lugar pela essência da pessoa do Espírito e Sua função na conversão dos perdidos. Finalmente pela clara ligação entre os avivamentos históricos e o avanço missionário.

3.1 A essência da pessoa do Espírito e sua função na Igreja de Cristo.

Em Lucas 24 Jesus promete enviar-nos um consolador, que é o Espírito Santo, e que viria sobre a Igreja em Atos 2 de forma mais permanente. Ali a Igreja seria revestida de poder. O termo grego utilizado para “consolador” é “parakletos” e literalmente significa “estar ao lado”.
A essência da função do Espírito Santo é estar ao lado da Igreja de Cristo e fazê-la possuir a face de Cristo e espalhar o nome de Cristo. Nesta percepção, O Espírito Santo trabalha para fazer a Igreja mais parecida com seu Senhor e fazer o nome do Senhor da Igreja conhecido na terra.
É o Espírito Santo que levanta os vocacionados, os obreiros para a seara. (At.13:1,2).

3.2 A essência da pessoa do Espírito e sua função na conversão dos perdidos.

Cremos que é o Espírito Santo quem convence o homem do seu pecado.
O homem natural sabe que é pecador, porém apenas com a intervenção do Espírito ele passa a se sentir perdido. Portanto em toda apresentação do evangelho, se o Espírito Santo não convencer o homem do pecado e do juízo, nossa exposição da verdade de Cristo não passará de uma apologia humana.
1º Tess. 1:5
Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo.
A pessoa do Espírito Santo, sua natureza e missão, é quem faz a diferença entre um ouvir acomodado do evangelho e sede de Deus, quebrantamento e entrega a Cristo.

3.3   A clara ligação entre os avivamentos históricos e os movimentos missionários.

Se observarmos os ciclos de avivamentos perceberemos que a proclamação da Palavra torna-se uma consequência natural desta ação do Espírito.
Como resultado de um avivamento, a partir de 1730 John Wesley durante 50 anos pregou cerca de 3 sermões por dia, a maior parte ao ar livre, tendo percorrido 175.000 km a cavalo pregando 40.000 sermões ao longo de sua vida.
Como resultado do avivamento em meados de 1900 Aimee Semple Macpherson inicia suas cruzadas evangelísticas que culminam na fundação da Igreja do Evangelho Quadrangular.

4.       O Pentecoste e a proclamação

O Espírito Santo é a pessoa central no capítulo 2 de Atos e Lucas é justamente o autor sinóptico que mais fala sobre Ele utilizando expressões como “ungido” pelo Espírito, ou “poder” do Espírito ou ainda “dirigido” pelo Espírito demonstrando que na teologia Lucana o Espírito Santo era realmente o “Parakletos” que viria.
Em meio a este momento atordoante do Pentecostes (vento, fogo, som e línguas) o improvável acontece. Aquilo que seria apenas uma festa espiritual interna para 120 pessoas chega até as ruas. O caráter missiológico do evangelho é exposto. O Senhor com certeza já queria demonstrar desde os primeiros minutos da chegada definitiva do Espírito sobre a Igreja que este poder – “dinamis” de Deus - não havia sido derramado apenas para um culto cristão restrito, a alegria íntima dos salvos, ou a confirmação da fé dos mártires.
O plano de Deus incluía o mundo de perto e de longe em todas as gerações vindouras e nada melhor do que aquele momento do Pentecoste quando 14 nações estavam ali presentes e, no meio desta balbúrdia da manifestação de Deus, cada um – milagrosamente – passou a ouvir o evangelho em sua própria língua.
Era o Espírito Santo mostrando já na sua chegada para o que viria. Em um só momento Deus fez cumprir não apenas o “recebereis poder”, mas também o “sereis minhas testemunhas”. A Igreja revestida nasceu com uma missão: testemunhar sobre Jesus.
Daí muitos se convertem e a Igreja passa de 120 crentes para 3.000 e depois 5.000. Não sabemos o resultado daqueles representantes de 14 povos voltando para suas terras com o evangelho vivo e claro “em sua própria língua”.
Podemos retirar daqui algumas conclusões bem claras. Uma delas é que a presença do Espírito Santo leva a mensagem para as ruas, para fora do salão, e alcança pessoas de fora.

4.1 A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja enclausurada.

Todas as pessoas que foram cheias do Espírito Santo foram usadas grandiosamente para anunciar o Evangelho.
O batismo no Espírito Santo não somente dá poder para pregar Jesus como Senhor e Salvador, como também aumenta a eficácia desse testemunho, fortalecido e aprofundado pelo nosso relacionamento com o Pai, o Filho e o Espírito Santo por termos sido cheios do Espírito.
O genuíno batismo no Espírito Santo nos trará mais desejo e poder para testemunhar da obra redentora do Senhor Jesus Cristo (Lc 4.18; At 1.8; 2.38-41; 4.8-20; Rm 9.1-3; 10.1). Inversamente, qualquer suposto batismo no Espírito que não resulte num desejo mais intenso de ver os outros salvos por Cristo, não provém de Deus (At.4.20).

4.2 A ação do Espírto Santo não produz uma Igreja segmentada

Após a ação do Espírito sobre os 120, depois 3.000, depois 5.000, não houve segmentação, divisão, grupinhos na Igreja. A Igreja possuía “um só coração e uma só alma” como resultado direto da ação do Espírito Santo em Atos 2.

4.3 A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja autocentrada

Certamente uma Igreja que havia experimentado o poder de Deus, de forma tão próxima e visível, seria impactada pelo sobrenatural.
Porém, quando a ação sobrenatural é conduzida pelo Espírito Santo a única pessoa que se destaca é Jesus, a única pessoa exaltada é Jesus, a única pessoa que aparece é Jesus. E o resultado é que outros passem a amar mais a Jesus.

5.       Conclusão

O sucesso na obra missionária, o plantio de igrejas, o crescimento da igreja local não é resultado de habilidade humana ou metodologia certeira mas sim fruto da ação do Espírito que convence o homem do pecado e do juízo. A dependência da ação do Espírito é, portanto, condição necessária e fundamental para sonharmos ver igrejas nascendo entre os povos, em Cristo, para Deus.
O Espírito Santo está comprometido a realizar a tarefa da grande comissão, independentemente de quanto tempo demore. Sua presença contínua é necessária para o sucesso do plano de Deus na vida dos homens. A obra do Espírito Santo é mútua: "Tão somente sê forte e mui corajoso para teres cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem sucedido por onde quer que andares" (Js. 1.7).
"Sem Ele, não podemos; sem nós Ele não quer". Jesus disse que seríamos testemunhas ao receber o Espírito Santo. Paulo disse que somos cooperadores no Reino. Vamos seguir o conselho de Paulo em Ef. 5:18 e procuremos nos encher constantemente do Espírito Santo, para sermos instrumentos poderosos nas mãos de Deus para o avanço do Evangelho.
Você pode e deve cumprir a missão. Você não está só, o Espírito Santo está cooperando com você na missão! Aleluia!

Lembrem-se que o nosso Deus é aquele que transforma as limitações humanas em realizações divinas.


Fonte: Plantando Igrejas (Ronaldo Lidório) ,Bíblia Missionária de Estudo, Bíblia Pentecostal, Bíblia Thompson, Ilumina Gold, Bíblia Strong.

Missões News 08/2019